sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Gonzaga, de Pai pra Filho.



Bruno Reis - 01031493

O Diretor Breno Silveira caprichou. Fez o que todos queriam, mas com um toque de mágica.
Senão exibisse tanta imagem de arquivo do mestre Luiz Lua Gonzaga o filme seria perfeito. No
centenário do “Rei do Baião” contou uma história comovente, com música e belos cenários.
O drama de uma relação Pai-Filho e a ascensão de um retirante nordestino que conquistou o
coração de Rosinha, Helena, Nazarina e de todo o Brasil apenas puxando o fole e cantando as
riquezas do nordeste, região sofrida do extenso Brasil.

Quem ouviu o disco Volta Pra Curtir, gravado em março de 1972, no Teatro Tereza Rachel,
no Rio de Janeiro percebeu o quanto Silveira foi detalhista. Neste show Luiz Gonzaga contou
minúcias da sua vida. A ida para o Rio, os acontecimentos na capital carioca e a volta para o
sertão. Tudo muito bem mostrado pelo longa metragem, que reúne em centenas de salas de
cinemas de todo o país famílias, curiosas; todos querem saber como foi à vida de Gonzagão,
cabra macho, pernambucano arretado.

As locações de “Gonzaga, de Pai pra Filho” são digamos, originais. O que acaba com o mistério
daqueles que nunca viram o sertão brasileiro. Tem jovem que acostumado com os grandes
supermercados se surpreendeu com a pequena feira de Exu, que até corda vendia. O filme
também mostra como foi à chegada de Gonzaga no exército, o colégio do pobre segundo ele.
Mostra com maestria a parceria com Humberto Teixeira e os amores não resolvidos do filho
de Januário e Santana. Mas como o próprio nome já diz a relação com Gonzaguinha (Julio
Andrade), que morreu um ano após o desaparecimento do pai é o carro chefe da produção.
Gonzaguinha era implicante com o pai, Gonzaga era mais ainda com sua cria. A principal
queixa de Gonzaga Filho era ter sido quase que esquecido pelo pai, que teve que tocar a vida,
literalmente, deixar Gonzaguinha na casa de amigos e até no colégio interno. Isso incomodava
Gonzaguinha, que antes de tudo era o maior fã do pai. Embora não demonstrasse com
facilidade.

Gonzaguinha cresceu, foi em busca do pai. O encontro foi marcado por desentendimentos e
uma entrevista no velho gravador. O filho não poupou perguntas para o pai, que com seu jeito
sertanejo respondeu a quase tudo. Gonzaga já não era o mesmo. A Bossa Nova e a Jovem
Guarda competiam com o rei, que não soube administrar sua fortuna. Tocava até nas marquises,
por pouco dinheiro, queria tocar pro povo, como ele mesmo dizia. Na verdade, Gonzaga sabia
apenas administrar o fole da sanfona de 120 baixos, mas fazia isto super bem. Não é a toa que
foi o rei do baião. E é assim até hoje.

O filme deixou a desejar nas qualidades de Gonzaga. A vida do rei do baião também teve seus
altos e com sua colaboração. Luiz Gonzaga era esforçado, era capaz de ser teimoso e bom ao
mesmo tempo. Esteve à frente de seu tempo, de sua era. Por isso foi escolhido o pernambucano
do século e é contemplado até hoje. O nordestino tem orgulho de dizer: “Sou da terra do rei do
baião”.

Algo curioso e que certamente vai chamar a atenção dos espectadores é a condução do elenco.
Nivaldo Expedito de Carvalho, o Chambinho do Acordeon, foi selecionado entre quase seis
mil candidatos para interpretar Gonzaga. Chambinho nunca tinha contracenado antes. E fez

um grande filme, diga-se de passagem. Além de saber tocar, o que tem um peso ainda maior.
A quantidade de protagonistas, três no total pode até confundir algumas pessoas, mas é bom,
por que faz o espectador prestar atenção, viajar na vida vitoriosa de Seu Lula. Gonzaga, de pai
pra filho, do criador do sucesso Dois filhos de Francisco já foi visto por 575.756 pessoas. Com
duração de duas horas é uma ótima pedida para ver com a família. Além disso, o filme deixa
um gosto de quero mais, não que deixe a desejar no final, mas por deixar uma sensação que
estivemos com Luiz Gonzaga, e como todo rei, seu povo sempre quer mais.

Serviço:

Gonzaga- De Pai pra Filho - 120 minutos

Brasil– 2012

Direção: Breno Silveira

Roteiro: Breno Silveira e Patrícia Andrade

Elenco: Chambinho, Julio Andrade, Land Vieira, Silvia Buarque, Luciano Quirino, Giancarlo
Di Tomazzio, Nanda Costa, Ana Roberta Gualda, Cyria Coentro.

Estreia: 26 de outubro

Certamente o filme vai mudar alguns conceitos da juventude e quebrar alguns paradigmas.
Principalmente para aqueles que enxergam o sertão de maneira errada. Muitos pensam que o
sertão é o inferno. Pelo contrário, é um berço de sonhos e talentos.

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